Muitas vezes, quando digo que vou passar uns dias a Bragança, ouço a pergunta "Mas que raio se faz por lá? Deve ser mesmo chato, não ter nada para fazer..."
Não percebo a pergunta, principalmente porque quando vem, na grande maioria das vezes, é pessoas que adoram férias de praia, "sem nada para fazer" (nada contra).
Pois então... eu explico o porquê de gostar tanto de fugir para o cantinho do nosso país:
- A viagem até lá dura pouco mais de 2h (o que a torna perfeita para fins de semana calmos);
- O centro histórico da cidade é muito simpático e tem várias coisas para descobrir: um castelo, igrejas e centenas de anos de História para conhecer;
- A par do Alentejo é, para mim, o sítio onde melhor se come em Portugal;
- A temperatura máxima média em Julho e Agosto ronda os 30º, por isso encontrar o Calor não é um problema. O frio também não, e com sorte no Inverno é possível ver nevar.
- Amoras silvestres no Verão, nozes no Inverno (ambas, literalmente, "aos molhos").
- Pouca gente. Não sendo um destino típico para turismo (e se excluirmos algum o acréscimo de emigrantes em Agosto) conseguimos facilmente fugir de multidões;
- Uma hora até à Sanabria ou Zamora. Duas até Salamanca ou Léon;
- O Parque Natural de Montesinho, cheio de trilhos, atividades e sítios giros para conhecer;
- Inúmeros sítios pequeninos perto para conhecer: aldeias, rios e lagos, piscinas naturais;
- As lareiras a arder no Inverno, a piscina no Verão;
- As refeições cozinhadas no fogão a lenha com o frio, os churrasco no pátio todo o ano;
- O silêncio;
- Estar longe da confusão mas ter tudo muito pertinho;
- Os queijos e enchidos;
- O resto. As pessoas. O ar puro. Poder ir apanhar as frutas que estão nas árvores. Ter espaço fora de casa, ver árvores a crescer de cada vez que lá voltamos. As melhorias que se vão fazendo em casa. Os projetos que aparecem. Os gatos que são de todos, os pássaros e o grilos a cantar ali ao lado, e até o ouatos que são de todos, os pássaros e o grilos a cantar ali ao lado, e até o ouriço que já lá vimos passar. As estrelas que não são ofuscadas, a vista desafogada até Espanha. O tempo para ler. A falta de vontade de pegar nas tecnologias (que apesar de tudo eu levo sempre atrás...).