Há uns tempos, um dos meus explicandos disse-me que não
precisava de estudar matemática porque queria ser trolha. Respondi-lhe
que estava enganado, que podia ser trolha mas que, como em qualquer
profissão, deveria estudar para ser o melhor possível e por isso
precisaria sim, muito, da matemática. Ele, que estava só a desafiar-me,
ficou surpreendido com a resposta.
Agora, que estamos na altura das candidaturas às universidades, por vários motivos, tenho andado a pesquisar profissões para ajudar quem tem este desafio pela frente. E se por um lado defendo que a escolha deve ser livre (e consciente) e que é nosso dever sermos o melhor possível no que escolhermos, por outro reconheço que escolher "aquilo que queremos ser quando fomos grandes", é uma decisão muito difícil.
Quando
tive que escolher "o meu oficio", escolhi um
curso que, na verdade, não fazia ideia do que seria e nem muito bem para
que serviria. Gostava de matemática, gostava de tecnologias, o curso
tinha uma boa taxa de empregabilidade e eu achava que seria feliz a
aprender coisas relacionadas com computadores. Na verdade... achava que
seria feliz com isso ou 300 outras coisas diferentes por isso... escolhi
uma área que podia ser aplicada a muitas outras. Durante a faculdade,
foram várias as vezes em que pensei se realmente iria levar aquilo a bom
porto e se teria sido uma boa opção. Fui-me deixando ir e hoje, à luz
dos anos, vejo que foi uma excelente opção. Correu bem, tornou-me uma
pessoa melhor e mais confiante. Sou boa no que faço e sou feliz a
fazê-lo.Agora, que estamos na altura das candidaturas às universidades, por vários motivos, tenho andado a pesquisar profissões para ajudar quem tem este desafio pela frente. E se por um lado defendo que a escolha deve ser livre (e consciente) e que é nosso dever sermos o melhor possível no que escolhermos, por outro reconheço que escolher "aquilo que queremos ser quando fomos grandes", é uma decisão muito difícil.
Correu muito bem, esta caça cega mas teria
muito para correr mal. Por outro lado, não sei bem qual a solução. Como
se ajuda alguém numa escolha tão pessoal e tão determinante? Como
podemos apresentar profissões, pôr todas as cartas na mesa sem deixar
detalhes importantes por dizer? Será que aos 18 anos nos conhecemos
assim tão bem para sermos já tão especialistas no nosso futuro? Na
verdade, agora que me conheço melhor, percebo que haveria duas outras
opções que talvez tivessem sido bons caminhos. Opções estas que não
faziam sequer parte dos planos na altura. Não sei o que teria ajudado...
Mais iniciativas do tipo "Universidade Jovem?". Mais feiras de
profissões? Maior promoção de empregos em part-time? Uma espécie de ano
zero global "de curso em curso"?
Talvez não haja uma solução. Talvez o caminho seja relativizar, não ter pressa. Ou então perceber que independentemente na escolha, é sempre possível voltar atrás.