Eu sempre fui um bocadinho fantasiosa. Muito hábil a
imaginar cenários perfeitos.
Lembro-me de pedir uma irmã/irmão. E imaginar um bebé só
para mim. Para eu brincar. Para eu contar os meus segredos importantíssimos.
Para ter alguém sempre disponível. Para querer o que eu queria. Assim como nos desenhos
animados.
Uma das primeiras memórias que tenho daquele bocadinho de
gente é de me ter sentado em cima dela. Esqueci-me que havia um bebé em casa e sentei-me
em cima do cobertor que estava (como sempre esteve!) em cima do sofá para ver
televisão. Só me lembrei que não era só eu quando a minha mãe começou a gritar.
Ela nem sequer acordou. Passados uns tempos, ainda mal se punha em pé,
trincou-me o rabo. Estava a fazer uma coisa que ela não queria e atacou onde
chegava. Fiquei uns dias a sentar-me mal. Uns meses depois arranhou-me a cara
de tal maneira que ainda hoje tenho cá a cicatriz. Os anos seguintes foram
recheadinhos de lutas. Porque eu não tinha paciência, porque ela era chata,
porque tinha a mania que sabia, porque queria sempre o meu lugar no carro,
porque não só atrapalhava, porque perdia as minhas coisas.
Eu queria um bonequinho e saiu-me uma pisca cheia de
personalidade.
20 anos depois, milhares de discussões depois, não me
arrependo nem um bocadinho de ter pedido uma irmã.
20 anos depois, eu continuo a ser um bocadinho sonhadora. Só
não sabia naquela altura, que afinal, era este o cenário perfeito.
Parabéns! :)
Nota1: Texto escrito na passada sexta feira e enviado à aniversariante no dia correcto.
Nota2: Atentar na minha expressão "eu tenho um boneco novo" e na cara de "isso pensas tu" daquele bocadinho de gente.
Tão gira!!!
ResponderEliminar"Atentar na minha expressão "eu tenho um boneco novo" e na cara de "isso pensas tu" daquele bocadinho de gente."
ResponderEliminarÚnico comentário possível: sempre mais perspicaz :p