Temporariamente está também na
Gulbenkian a exposição
Fernando Pessoa, plural como o universo. As exposições temporárias não estão no mesmo edifício do Museu, mas no edifício principal (?) da Fundação. Ao entrar, ficamos sempre boquiabertos com o enorme (e incrível) painel geométrico que vemos à entrada (detalhe em baixo). Este painel foi uma das últimas obras de Almada Negreiros e chama-se "Começar". O desenho para o
painel pode ser visto aqui.
A exposição é gira simples e interactiva. Apetece ficar, apreciar, ver todos os excertos escolhidos de cada heterónimo, reparar nos estudos das assinaturas, "folhear" os originais, decifrar apontamentos, sentar e ouvir. Se tivéssemos entrado aqui primeiro, é provável que já não víssemos a colecção principal (que está sempre lá).
Painel inicial da exposição
Amadeu de Souza-Cardoso (não me recordo do título, mas gostava muito de o ter na sala)
Retrato de Fernando Pessoa, Almada Negreiros
Caixa de areia com projecção de textos
"louco, sim, louco, porque quis grandeza. qual a sorte a não dá. não coube em mim minha certeza, por isso onde o areal está. ficou meu saber que houve, não o que há. minha loucura, outros que me a tomem. com o que nela ia. sem a loucura que é o homem. mais que besta sadia, cadáver adiado que procria?" (D. Sebastião, Rei de Portugal, Mensagem, Fernando Pessoa)
Último poema de Alberto Caeiro. Reparem nas anotações, rasurados, notas em inglês...
A versão final ficou assim:
"Todos os dias agora acordo com alegria e pena.
Antigamente acordava com sensação nenhuma: acordava.
Tenho alegria e pena porque perco o que sonho
E posso estar na realidade onde está o que sonho.
Não sei o que hei de fazer das minhas sensações,
Não sei o hei-de ser comigo.
Quero que ela me diga qualquer coisa par eu acordar de novo.
Quem ama é diferente de quem é.
É a mesma pessoa sem ninguém."
Um dos muitos extractos (este do poema "O que Nós Vemos" d'O Guardador de Rebanhos, Alberto Caeiro) que vemos por aquelas paredes.
No final, voamos até ao Teatro da Trindade, que aproveitar para ver
o Libertino. Pessoalmente não gostei. Achei a peça chata, demasiado pesada, com duração muito superior à efectivamente necessária. Valeu pelo teatro e pelo guarda-roupa.
À saída, ainda deu tempo para dar um saltinho ao Largo do Carmo e acabar em beleza com um gelado da Santini ("limão com framboesa" acabou de destronar o meu favorito Tiramisú da Carte D'Or, entrando directamente para o meu top 3 dos gelados!) :)