sexta-feira, 6 de julho de 2012


Acabo de ser informada que, muito provavelmente, irei ficar sem subsídio de férias e de Natal, já para o ano. Algo me diz que, durante este post, vai baixar-me a tourette. Não lamento. O vernáculo sempre foi o meu forte e, pelo menos isso, não me poderás tirar. Cabrão! Sei que a crise é para todos, Deus sabe o quão solidária eu fui contigo no início. Quando tudo me parecia organizado, esquematizado, coerente. Quando os esforços faziam sentido. Houve uma altura em que, se não considerássemos a mágoa de ficar sem dinheiro, tudo conseguia fazer sentido. Compreendi-vos, a ti e às tuas medidas, durante meses. Mesmo andando contra a maré. Defendi-te porque, no fundo, achava que eram necessários alguns esforços para pôr o país em ordem. Confiei em ti. E tu? Tiro no pé atras de tiro no pé. Os pés do teu governo parecem uns passadores. És um filho da puta, espero que saibas. Sem arrobas. Bendita tourette que só me ataca quando é preciso. O teu governo anda a brincar às casinhas. Disseram que faziam, que aconteciam, que a coisa estava controlada, que sabiam o que estavam a fazer. Apontaram o dedo aos outros, os que lá estiveram... Afinal, mais do mesmo, é tudo a mesma merda. Tu próprio és um merdas, sabes disso? Deves saber. As pessoas já to devem ter dito. Talvez não tenhas levado a sério, cheio de ti próprio. Ao mesmo tempo que reiteras a confiança no gajo que, por lapso, mentiu no currículo, tiras mais e mais aos outros. Aos que parecem ser julgados num processo kafkiano, incertos das razões do processo. Obviamente, chateia-me vir a ficar sem subsídio de férias. Puta que pariu, preferia pegar no dinheiro e dá-lo todo para caridade do que dar dinheiro para te ajudar a fazer uma filhadaputice que não tem (outro) nome: por estarem a cometer uma ilegalidade subtraindo o subsídio aos funcionários públicos, passam a tirar a toda a gente, já que assim deixa de ser inconstitucional. Igualdade? Pois sim, senhores. Todos igualmente roubados. Terás tu noção do que estás a fazer? As pessoas estão pobres, desesperançadas, carregada de dívidas. Sei de pessoas que precisam do subsídio para pagar seguros. Para levar o carro à revisão. Para pagar dívidas. Para comprar livros escoares para os filhos. Haverá as que querem ir de férias. Tendo trabalhado todo o ano, parece-me razoável. Os hotéis e os restaurantes também precisam de viver. Quanto mais não seja, precisam do suficiente para pagar os impostos. Se eu fico triste por ficar sem subsídios? Fico, claro. Mas sabes o que me revolta, à séria? É que te sirvas de expedientes dignos de um ditador, um daqueles que deixam a democracia em stand by durante uns tempos, para deixar o país a seu jeito. Um déspota que ousa ignorar a merda que tem em casa, os pelintras que alberga, mas que não hesita castigar os que se atrevem a existir. Quando a vida nos sai num pacote, em forma de cargo político atrás de cargo político, talvez seja fácil dormir à noite.

1 comentário:

  1. Caramba está excelente.
    Eu nem quero pensar no corte de subsídios. É desta que emigro ou arranjo um 2º trabalho. Estamos pior que há 50 ou 60 anos atrás... que depressão.

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