segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Nem mais

O Sparky e o filho da puta que o arrastou 

Não sou daquele tipo de pessoas que entope as caixas de correio dos amigos com pedidos de ajuda para o caniche de Carrazeda de Ansiães que sofre horrores ou para o Bobby de Trajouce que precisa de ser operado às cataratas. Limito-me a ser amiga de algumas associações no Facebook e pronto. Choro quando vejo filmes com bichos que morrem e comovo-me com vídeos que contam histórias bonitas. Na verdade choro por tudo e por nada, tenho umas lágrimas que saltam cá para fora a propósito de tudo, raça das miúdas, o que não quer dizer que não sejam verdadeiras. Hoje dei de caras com o Sparky, o cão que foi arrastado por um animal de Vila Real e lá vieram elas. A besta que atou aquele cão ao carro e o arrastou durante sei lá quantos metros, devia sofrer exactamente o mesmo. Mas aposto que nem uma multa vai pagar porque em portugal os cães são como ratos. As pessoas olham para eles de lado e dão-lhes pontapés. Os cães não podem nada. Não podem ir à praia, não podem ir a muitos parques e jardins, não podem entrar em lojas, cafés, restaurantes como em outros países da Europa como, por exemplo, a muito pouco civilizada Itália. Até eles, que são tão rudes, tratam bem os animais. Aqui não. Pode-se esfolar cães, fechá-los num armazém com mais 50, fazê-los passar fome e dizer que são para a caça, bater-lhes, cortar-lhes as orelhas e os rabos, apagar cigarros no lombo, deitá-los ao rio, abandoná-los em auto estradas. Pode-se fazer tudo porque não há castigos para nada. O Sparky está todo fodido. Tem feridas por todo o lado, não come e está em choque. Vai ter de ficar internado umas duas semanas. Era um cão normal, provavelmente brincalhão - são quase todos - e sedento de mimos - são quase todos - até um filho da puta o ter amarrado a um carro e arrastado pelo alcatrão. E também não me vou pôr aqui com clichés e frases feitas de que uma civilização se mede pela forma como trata os seus animais. Essa merda já está gasta e entra por um ouvido e sai pelo outro. O que eu queria mesmo era encontrar esse cabrão sádico que decidiu divertir-se com o Sparky e enfiar-lhe um tarolo de madeira cheio de pregos pelo rabo acima, atirá-lo para meio de quatro enxames de abelhas furiosas e no fim dar-lhe um pontapé na cabeça. Só para reinar. 

3 comentários:

  1. Gosto de animais e sempre os tratei bem, mas sou a favor das proibições de animais em sítios públicos (restaurantes, cafés, etc.). E eu tenho um mini jardim zoológico em casa. Até cobras de estimação já tive (morreram infelizmente) .


    Acho que devemos separar as coisas mas nunca maltratar. Infelizmente a linha que separa as duas coisas em Portugal parece bastante ténue

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  2. Somos o único país da UE que conheço que não permite que cães (tirando cães-guia) frequentem os locais públicos. A educação dos animais parte da dos donos e, pelo que vi em Espanha, Itália, Bélgica, etc. quando donos e cães são bem-educados, há harmonia. É igual a estar em restaurantes com criancinhas aos berros. Também não é agradável e incomoda muito mais, mas se os pais não os sabem educar, os outros é que aguentam, porque ai-deus-nos-livre de os pôr na rua!

    Quanto aos maus-tratos, é cliché, mas é verdade. Se as pessoas tratam mal os bichos, não são boas pessoas entre elas mesmas. Não quero ter nada a ver com gente que advoga este tipo de atitudes, quer esta mais extrema com o Sparky, como outras sancionadas pelo Estado, como touradas.
    Enquanto não houver uma reforma legal neste quesito, infelizmente, os animais continuarão a ser tratados como objectos, com a agravante que eu não ando por aí a atar televisões ao carro e arrastá-las pela estrada, mas ei, isso sou eu, que amo e estimo os bichos.

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  3. @Miguel Silva - Eu concordo, mas isso são "outros 30". O que mais me choca é a leviandade com que muita gente olha para casos extremos, como este e afirma "pff, é só um cão". Não entendo.

    @Rachelet - Eu acredito que o problema parte da educação que muitos dos nossos "donos" não têm e do bom senso que falta a muita gente. Para os cães ou para as crianças. Assino em baixo quanto ao cliché. Ver alguém aceitar brandamente o mau trato a um animal só revela uma tremenda estupidez (sim, estou a ser meiga). Não sei se veremos grandes alterações a este nível a curto/médio prazo mas... vamos eu espero estar cá para as ver!

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