Desde que me lembro de ser gente
que gosto de ocupar o tempo. Fazer coisas. Muitas e boas. Entre estudos,
jogos, música, leituras, alguns desportos, grupos de tudo e mais alguma
coisa, cursos, mini-cursos e "auto-cursos" e sabe-se lá o que mais fui
inventando.
Nos últimos 20 anos já fiz muita coisa. Já aprendi
muitas coisas, conheci muita gente, descobri muitas coisas que gosto e
algumas que nem vale a pena voltar a tentar. Gostava de dizer que
aprendi a gerir muito bem os meus níveis de paciência quanto a parvoíce
alheia mas esse... é um work in progress com clara margem de progressão.
Adiante.
Algures em Setembro do ano passado, recebemos lá em casa
uma excelente notícia: o T. ia voltar à faculdade. Que bom! Um passo
importante para ele, para nós... muitas horas sozinha para mim. E eu
não sou miúda de tempos mortos e rapidamente comecei a arranjar coisas
para fazer. O exame de inglês que andava a adiar há tanto tempo tinha
que ser feito antes do Verão. Decidi dedicar-me mais a esta coisa de
desenhar blogues que tanto gosto. Comprei um curso online. Passei a ter
uma aula por semana de Pilates e outra de Ballet para adultos. Ajudei
uns amigos a ensaiar uma peça de teatro. Quis correr. Aceitei um
explicando com muitos problemas para resolver. E, claro, continuei a ter
uma casa e uma vida para organizar e manter confortável, amigos para
ver, trabalhos do T. para ajudar.
E tudo isto trouxe-me um
problema que eu ainda não tinha tido até ao momento: gerir horários para
coisas sem metas pré-estabelecidas. O inglês tem aulas marcadas e as
viagens de comboio para estudo. O Ballet e o Pilates também têm um
horário fixo. As explicações são flexíveis mas semanais. O teatro tem o
tempo para ensaios. As tarefas rotineiras da casa tornam-se
incontornáveis passados poucos dias. E isto dos blogues de que eu gosto
tanto? Quem me pediu e confiou em mim para o design do blogue deu-me
todo o tempo que eu precisasse e eu fui deixando isso para terceiro,
quarto, décimo plano.
Gerir o tempo que me sobra tornou-se
difícil. Convenci-me algumas vezes que no dia x já não dava mais e eu
precisava era mesmo de parar um bocadinho. Outras vezes nem me apercebi
do que lhe aconteceu. Ao tempo, o meu tempo.
Senti que
falhei. Os blogues alinhavados estiveram demasiado tempo parados.
Demorei dias a responder a emails. E se do outro lado recebi sempre
respostas simpáticas "tem calma, fazes no tempo que der", do lado de cá
não gostei. Eu iria compreender estando do lado de lá, mas... não ia
ficar impressionadíssima com o trabalho. E eu gosto de fazer tudo bem. O
melhor que sei ou que me é possível no momento.
A frustração foi crescendo.
Durante a semana passada consegui finalmente fazer listas de afazeres
para os vários projetos paralelos. Ontem risquei muitos, adicionei
outros tantos. Acho que finalmente posso apregoar que apanhei o fio à meada. Espero não o
soltar.
Pelo meio fiquei a admirar mesmo esta capacidade de
motivação e organização que vejo em algumas pessoas que gerem o dia
completo! Trabalhar em casa, com os horários construídos é difícil,
muito difícil mas... não tinha sequer percebido o quanto.
Adiante. Espero que seja desta que estas ideias saiem da gaveta, que este blogue acorde e que comecem a nascer projectos novos. E hoje... se correr tudo bem, há blogue com cara nova na rede! :)