Há muito tempo que me apetece sentar-me a escrever. Adio
sempre. Nunca sei como escrever, explicar. Nem sei se o que escrevo
interessa a algúem, mas hoje... Hoje apetece-me escrever.
Tenho
tudo e nada para contar. Apercebo-me que excluindo os 3 míseros posts na
primeira metade do ano abandonei este blogue em Novembro passado.
Estive sem postar mais ou menos durante o mesmo tempo deixei acumular
fotografias no cartão de memória. No último Domingo revi os últimos 8
meses em imagens. Hoje apetece-me escrevê-los.
Novembro foi um
mês estranho. Não foi um mês terrível, foi só estranho. Algures em
Outubro soube que tinha na barriga um embrião sem vida. Não foi nada que
me tivesse deixado mal, por muito contente que estivesse sabia que as probabilidades de não correr bem eram altas e (ok, posso ser uma pessoa
fria) mas não senti que perdi nada (falamos de um embrião com cerca de 7
semanas), só adiei o bebé que queríamos. A coisa mais chata foi mesmo a
recuperação física (e mesmo assim... nada do outro mundo) e a espera. Passaram as (boas) festas, chegou o ano novo, voltamos a Londres, conhecemos Berlim, comemoramos o segundo ano de casamento e descobrimos o rapazito inquieto que mora na minha barriga.
Estou a cerca de 15
semanas do final da gravidez (já!?). O tempo voa e eu mal dou por ele.
Acabaram as aulas, o meu explicando passou de ano (feliz ou
infelizmente, eu reconheço nisto mais mérito em mim que nele), o outro
já fez os exames e o T. já não tem aulas. Ter um marido
trabalhador-estudante é uma tarefa complicada, é quase como tê-lo a
trabalhar fora de casa durante a semana, com a vantagem que me faz
companhia a dormir e a desvantagem que há muitos fins-de-semana passados
a trabalhar. Por isso, sempre que acaba um semestre eu quero sempre
festejar, MUITO! Não me perguntem como será para o ano, com um bebé, logo veremos.
Estou
feliz e orgulhosa. Estamos a meio do ano e o balanço é bom. O
puto-que-me-tirava-do-sério acabou o 9º ano e tenho agora uma desculpa
(a melhor!) para deixar de lhe dar explicações (e com o bom sentimento
de missão cumprida!). O meu maridão vai acabar o semestre com um
desempenho bom e cheio de motivação para o que ainda está para vir e eu
derreto-me de orgulho (quem disse que os 28 era já tarde para começar
uma licenciatura?). E, afinal, receber pontapés pode ser maravilhoso.
Estou feliz. Estamos. Não é assim todos os dias. Há
dias cansativos, chatos. Há dias em que me pergunto onde raio estou com a
cabeça quando me inscrevo em cursos, aceito explicandos, fico mais
tempo no escritório, juntos os amigos para jantares, combino ir ter com o
T. à faculdade, acordo cedo para o pilates quando... aquilo que queria
mesmo era dormir. Há muitos em que não me percebo. Tenho tantas ideias para
pôr em prática, tenho esta coisa do blogue meia adormecida, tenho
fotografias das férias que mal foram vistas, tenho a casa
virada do avesso (a minha casa tem sempre semelhanças com acampamentos
ciganos...), tenho cafés prometidos e pendurados durante meses.
Mas
hoje estou muito feliz. Percebo porque faço isto tudo. Olho para trás e
sei que foi um meio ano bom. Que deu para construir muito, em todas as
frentes que jogamos. Que adoro a minha família. A grande e a pequenina
que estamos a construir. Que as nossa casa vai ser sempre o meu ninho,
que adoro estar lá sozinha, a dois ou tê-la cheia de gente. Que a gata,
por mais avariada que seja, só podia ser nossa. Que estão a chegar dias
de bonança, com sol e nas férias o botão de
preocupações será merecidamente desligado.
Depois, em Outubro tudo leva uma nova reviravolta. Que bom.