sexta-feira, 29 de julho de 2016

Sobre esta coisa de "escolher o futuro"

Há uns tempos, um dos meus explicandos disse-me que não precisava de estudar matemática porque queria ser trolha. Respondi-lhe que estava enganado, que podia ser trolha mas que, como em qualquer profissão, deveria estudar para ser o melhor possível e por isso precisaria sim, muito, da matemática. Ele, que estava só a desafiar-me, ficou surpreendido com a resposta.

Agora, que estamos na altura das candidaturas às universidades, por vários motivos, tenho andado a pesquisar profissões para ajudar quem tem este desafio pela frente. E se por um lado defendo que a escolha deve ser livre (e consciente) e que é nosso dever sermos o melhor possível no que escolhermos, por outro reconheço que escolher "aquilo que queremos ser quando fomos grandes", é uma decisão muito difícil.
Quando tive que escolher "o meu oficio", escolhi um curso que, na verdade, não fazia ideia do que seria e nem muito bem para que serviria. Gostava de matemática, gostava de tecnologias, o curso tinha uma boa taxa de empregabilidade e eu achava que seria feliz a aprender coisas relacionadas com computadores. Na verdade... achava que seria feliz com isso ou 300 outras coisas diferentes por isso... escolhi uma área que podia ser aplicada a muitas outras. Durante a faculdade, foram várias as vezes em que pensei se realmente iria levar aquilo a bom porto e se teria sido uma boa opção. Fui-me deixando ir e hoje, à luz dos anos, vejo que foi uma excelente opção. Correu bem, tornou-me uma pessoa melhor e mais confiante. Sou boa no que faço e sou feliz a fazê-lo.
Correu muito bem, esta caça cega mas teria muito para correr mal. Por outro lado, não sei bem qual a solução. Como se ajuda alguém numa escolha tão pessoal e tão determinante? Como podemos apresentar profissões, pôr todas as cartas na mesa sem deixar detalhes importantes por dizer? Será que aos 18 anos nos conhecemos assim tão bem para sermos já tão especialistas no nosso futuro? Na verdade, agora que me conheço melhor, percebo que haveria duas outras opções que talvez tivessem sido bons caminhos. Opções estas que não faziam sequer parte dos planos na altura. Não sei o que teria ajudado... Mais iniciativas do tipo "Universidade Jovem?". Mais feiras de profissões? Maior promoção de empregos em part-time? Uma espécie de ano zero global "de curso em curso"? 

Talvez não haja uma solução. Talvez o caminho seja relativizar, não ter pressa. Ou então perceber que independentemente na escolha, é sempre possível voltar atrás.  
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