quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Da conversa do créditos ou... é só fazer as contas.

Estou a ser atendida nos correios. Enquanto espero por ser atendida, pego num panfleto sobre Certificados do Tesouro. A funcionária (eficiente e delicadamente) pergunta se quero mais informação sobre os certificados e se quero fazer uma simulação com as atuais taxas de juro. Enquanto mexo na carteira à procura do cartão do cidadão, deixo em cima do balcão o meu cartão de débito da conta CTT. A funcionário do lado decide intervir:

Funcionária Que Não Tinha Nada A Ver Com O Assunto: Ah! É cliente do nosso banco!
Eu: Sim, sou.
FQNTNAVCOA: Ah! Então tenho aqui a oportunidade perfeita para si! Devia aproveitar esta nossa promoção para comprar um telemóvel. 
<Enquanto isto, passa-me um panfleto com um telemóvel em promoção>
Eu: Obrigada, já tenho telemóvel
FQNTNAVCOA: Ah! Mas pode ser para um familiar!
<A sério que a senhora disse isto? Olho para o raio do papel. O telemóvel tinha um preço teórico de 350€ e um novo preço assinalado de 300€. O panfleto destacava mensalidades de 30€. >
Eu: Obrigada, não compro telemóveis a crédito
FQNTNAVCOA: Ah! Mas não paga juros nenhuns!
Eu: A sério que não? E comissões de entrada?
FQNTNAVCOA: São só 12€ extra no primeiro mês!
<Neste momento passou-me tanta coisa pela cabeça... Vários implicavam um sermão à senhora que não tem culpa, eu sei. Nenhum deles... iria mudar nada daquela palhaçada>
Eu: Não compro telemóveis a crédito. Não estou interessada.
FQNTNAVCOA: Pronto, desculpe interromper, mas como vi que era nossa cliente podia querer aproveitar a oportunidade...
Saí dali a pensar no assunto. Surpreende-me que esta conversa ainda funcione com alguém. Não consigo conceber sequer a ideia de comprar a crédito alguma coisa que não seja uma casa ou um carro. Quanto mais um telemóvel. Pior. Uma coisa pela qual provavelmente a pessoa não precisava e custava "só" 300€. E pela qual não pesquisou, não comparou preços, não viu o mercado. A sério que isto funciona? 
 
Que ninguém se esqueça: os bancos não dão nada a ninguém. Os 12€ de abertura de conta significam juros de 4% pagos a 10meses. Desafio quem no momento me conseguir uma conta poupança com esta taxa de retorno.

Mais... se fizermos um bocadinho melhor as contas...

Nenhum banco nos dá os juros no primeiro mês (as comissões de abertura acontecem sempre à entrada). Teremos que ter o nosso dinheiro parado durante algum tempo para vermos esse retorno. Supondo que o juro é pago anualmente, e que ao final de um ano queríamos ir buscar 12€ ao depositar 300€. O imposto sobre os juros, logo à partida é de 28%. Ou seja... para ganharmos 12€ ao final de um ano, teríamos que ter juro que pagassem ao final de um ano 16.67€, o que significa uma taxa de juro de cerca de 5.56%. 

Atualmente os Certificados do Tesouro dos CTT pagam 1.25% ao final do primeiro ano.  Contas feitas... teríamos que depositar 1333.6€ para, ao final do ano, o banco nos pagasse 12€ líquidos por lhe termos emprestado esse dinheiro.

Há mesmo quem ache que existem compras "sem juros"? 

quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Escrever para não esquecer


Quando nos deitávamos, de janelas abertas para refrescar, ouvíamos os grilos a cantar. De manhã acordava sempre a ouvir os galos a dar os bons dias. O Duarte adormeceu sempre bem, dormiu sempre bem, acordou sempre com um sorriso. "Apesar" de todos os barulhos.

Nos primeiros dias fizemos sestas a três. Nem sabíamos a falta que nos fazia dormir sem horas e relógios. Ao terceiro dia, o descanso já era tanto que acordei com vontade de ir correr enquanto o resto da casa ainda acordava. Fui. Consegui correr 5Km em estrada, pela primeira vez. E ainda lhes juntei uns 3 na caminhada no regresso. 

Acabei de ler 4 livros. Não romances, livros práticos. É verdade que são fáceis e rápidos de ler, mas não deixam de requerer tempo. 

Apanhamos amoras, peras e figos. O Duarte encontrou um sapo, um gafanhoto, e um escaravelho. Delirou com os tratores. Viu alguns desenhos, mas passou a maior parte do tempo longe deles. 

Ia mentalizada para durante quatro dias baixar a guarda e ceder quanto às regras da alimentação. Afinal os avós não conseguem ver o rapaz chorar e ele já sabe aproveitar esse luxo. Não foi preciso muito. Dando-lhe espaço para explorar não há nada que o deixe triste (só deixa os adultos estafados!). Andou muitas vezes molhado, meio nu, quase sempre sujo. Tomou banhos infinitos para logo a seguir se voltar a sujar. Esteve sempre tão feliz. Cedi algumas vezes quanto aos doces. Deixei que lhe oferecessem croissant, bolo e gelado. Numa das vezes abriu o croissant e retirou o queijo. Noutra negou bolo e gelado a favor da melancia. Gostou muito do gelado que era à base de iogurte e fruta (mesmo que carregadinho de outras porcarias extra). Acredito que estamos a fazer um bom trabalho. 

Se o chatearmos muito ele vai soltando palavras. Ouvimos um "não", um "sim", e estou capaz de jurar que ouvi um "Mickey" também. 

Voltamos. Ainda não tinha saudades de casa (e eu que adoro a nossa casa). Preguiça, Praia, Parque. Nunca deixo de me deliciar com o privilégio de ter a praia já ali. E com a sorte de no caminho sempre encontrar um amigo. Fiz doce de pera, gelado e tomate seco. 

Hoje volto ao trabalho. Foram 5 dias incrivelmente bons. Regresso bem dormida, com muitas de ideias e de coração cheio.  

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Quase pronto

"Saltas para fora do avião quando eu contar até 5. Pronto?" diz-te o instrutor de paraquedismo, enquanto tu aguardas nervosamente pelo primeiro salto, inclinado num pequeno avião Cessna a cerca de 10 000 pés de altitude. Tu vibras com a adrenalina. E simultaneamente tremes de medo.
"Ok", dizes tu pouco convictamente. "Estou pronto."
O instrutor abre a porta do avião. O ar dispara pela porta aberta e o avião agita-se ligeiramente no ar. O medo torna-se pânico, como se cada célula do teu corpo - tudo o que a Evolução te ensinou - dissesse para não saltares por uma porta aberta de um avião.
"1,2,3..."
Quando o instrutor conta o 4 dispara a arma da partida. Tu pensas que tens mais um precioso segundo para mudar de ideias. Mas ele já te empurrou para fora do avião. E tu vais. Assim, não houve tempo para mudares de ideias no último instante.
Apesar de eu nunca ter feito paraquedismo, disseram-me que esta era uma técnica frequentemente utilizada com pessoas que experimentam pela primeira vez e, por vezes, têm ataques de pânico no último minuto.
Isto lembrou-me de uma conversa com um amigo que aconteceu num bonito dia de Verão há alguns anos em Berlim.
Eu perguntei-lhe se ele se sentia preparado para ter filhos quando o filho dele nasceu. Ele respondeu "Não estava preparado para ter filhos. Mas nós estávamos quase preparados para ter filhos. Quase preparados. Tu nunca te vais sentir completamente preparado."
Isto é verdade para tantas coisas, não é?
Não comeces uma empresa quando te sentires preparado para isso, porque tu nunca te sentirás preparado. Começa a tua própria empresa quando te sentires quase preparado.
Não cases com o teu namorado ou namorada quando te sentires preparado para isso, porque tu nunca terás absoluta certeza que tudo será feito. Casa-te quando te sentires preparado - quando tiveres quase certeza que é A pessoa certa.
Não aceites o trabalho para o qual te sentes totalmente preparado. Desafia-te. Estimula-te. Aceita o trabalho para o qual estás quase preparado.
"Quase preparado" é semelhante à "Regra do 80%" para persuasão. Ronald Reagan defendeu que não é preciso que alguém concorde 100% contigo para estar "contigo" - só precisas que a pessoa esteja do teu lado em 80% das questões. Isto é geralmente suficiente para conseguir o seu apoio.
A Regra do 80% aplicada a nós mesmos significaria que nós não precisamos de estar 100% certos de uma decisão para que esta seja a decisão certa.

quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Estão esgotados os recursos naturais do planeta para 2017

Dizem as estatisticas que hoje, 2 de agosto, estão esgotados os recursos naturais do planeta para 2017 (isto é, o limite do uso sustentável). Há quase 50 anos que gastamos mais planeta do que devemos e este dia "limite" tem chagado cada vez mais cedo. Se dependesse apenas de Portugal, este dia chegaria ainda mais cedo.

A proposta da Zero aposta numa economia circular, com aposta na reutilização e redução (ter menos mas de melhor qualidade), na redução do consumo de proteína animal e na promoção da mobilidade sustentável. Fiquei a pensar no que posso estar afazer mal e bem.

Lá por casa já usamos transportes públicos na grande maior parte do ano, andamos maioritariamente a pé ao fim de semana e fazemos alguma reciclagem. No entanto... isto é menos que uma migalha para o longo caminho que há a percorrer! Faltam 5 meses para o final do ano, quero introduzir 5 pequenas outras migalhas, uma por mês:
  • Agosto: sou um desastre com os banhos... Água muito quente, muito tempo no chuveiro. É um valente desperdício... O objetivo é encurtar os banhos e aproveitar o calor para me habituar a água menos quente. Além das vantagens para o ambiente, a minha pele e cabelo ainda agradecem.
  • Setembro: Vender, dar, deitar fora, arrumar, organizar. Este é um trabalho em progresso. Preciso de me livrar de tralha. Todas semanas arrumamos um bocadinho. Já há muitas coisas com destino definido, outras tanto vão a caminho.
  • Outubro: Trocar todas as lâmpadas por lampadas led. A maior parte deste trabalho está, na verdade, feito.
  • Novembro: Garantir uma refeição vegatariana por semana. Excluir a proteína animal uma refeição por semana é simples (e uma coisa que na verdade já fazemos algumas vezes).
  • Dezembro: Comprar e cozinhar com consciência. O mês do Natal é sempre um mês cheio de desperdicio (e eu adoro o Natal). Tenho que me esforçar para que todas as compras sejam feitas com mais consciencia. Qualidade sobre quantidade. Oferecer menos "coisas" e mais experiências.
Estes são, claramente, passinhos de pardal. Mas são realistas e um pequeno investimento para manutenção da nossa qualidade de vida e do planeta que deixamos de herança. Alguém se junta?
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