segunda-feira, 13 de julho de 2020

Sinto que aquelas semanas do confinamento não foram apenas um monte de coisas más. Em jeito de disclaimer... Claro que não acredito na ideia (estúpida) de mensagens do Universo para que abrandemos e tenho consciência que este sentimento existe por... sorte. A verdade é que a quarentena chegou comigo de licença, por isso nunca passei pela fase "dois adultos a trabalhar e 2 crianças a chorar". Consegui, de algum forma, "partilhar" o confinamento com a minha família mais chegada e, no final das contas o mais importante: ninguém, até ao momento, ficou doente, perdeu emprego ou teve algum problema evidente como consequência direta disto tudo.

Adiante, dizia eu que vejo coisas boas. Não só o básico: passamos muitos dias fechados em casa, não nos chateamos (hum, houve um dia em que me passei moderadamente, mas acho que ficar fechada e a ver números e a ler artigos e notícias assustadoras não confere saúde mental a ninguém), não me senti mais stressada ou zangada com os miúdos (fora a depressão de ter ficado sem umas férias que aposto que iam ser espetaculares) e na verdade fizemos coisas mesmo muito porreiras. 

A minha preocupação inicial para "tornar isto tudo o mais normal possível" acabou por nos transmitir a todos uma normalidade boa que eu só confirmo agora, ao ver as fotografias daquelas semanas. Construímos um frasco com boas ideias para fazer em casa, jogamos mais jogos de tabuleiro do que nos últimos 3 anos, pintamos, cozinhamos muito, construimos uma horta na varanda, melhoramos divisões, compramos e lemos muitos livros (infantis), convertemos-nos a fraldas e guardanapos de pano, encomendamos de pequenos produtores, preparamos festas super exclusivas, construimos uma macaca no corredor (e ainda jogamos quando lá passamos), fizemos uma verdadeira praia em casa num dia de chuva, almoços na varanda e muitos piqueniques na sala. Nunca me senti sem ideias, o Duarte percebeu que o lugar dele não estava ameaçado pelo irmão bebé e nós percebemos que não queremos morar a vida toda numa casa sem jardim. Grandes planos e bons. Investigamos mais sobre sustentabilidade,  percebi que não tenho saudades de restaurantes (onde íamos muitas vezes), e poupamos mais.

Esta lista pode ainda ter mais pontos, mas hoje é disto que me lembro. Percebi que quero voltar a escrever por aqui porque me faz bem e porque gosto de me reler. Os dias a 4 fechados em casa já lá vão, e esta nova vida de teletrabalho tem sido cheia de descobertas boas. Mas isso... fica para outra história. 
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