sábado, 23 de novembro de 2019

Oscilações

Olá, sou a Vera, estou grávida de 39 semanas e experimento 30 estados de espírito diferentes por dia.

Abri este rascunho para escrever sobre a minha mistura de sentimento nos últimos dias antes do Miguel nascer e apercebi-me que o último post que escrevi neste blogue, há 4 meses, era sobre exactamente a mesma temática. Pelo menos mantenho a coerência. 

Os últimos meses foram intensos. 

Em Setembro um vírus arruinou o meu sistema imunitário e seguiram-se uma catrefada de pequenos problemas que me deitaram a baixo. No final de Setembro estava fartinha de estar grávida. Entretanto já não conseguia continuar a trabalhar e precisei de parar o que, juntando às (muitas) pequenas maleitas, contribuiu zero para o meu bem estar mental. "Como assim vou estar tantos meses afastada desta minha rotina de trabalho? E o que estarei a adiar? E se as coisas correrem mal? E onde estará o meu lugar quando voltar? E????"   

Depois... fomos até São Miguel, numa viagem marcada muito tempo antes e da qual eu considerei muitas vezes desistir pelo cansaço (e dores) que sentia. Mas os Açores fizeram por mim o que os medicamentos não conseguiram fazer (ok, em parte ajudaram), e voltaram a trazer-me calma, boa disposição e paz com a minha barriga a crescer. 

Voltei, inscrevi-me no pilates pré-parto, nas aulas de preparação para o parto e comecei a organizar as coisas para o bebé e para a festa de anos do Duarte. Pelo meio ia descansando o que precisava. Fui-me afastando progressivamente do escritório e concentrado noutras coisas e noutras pessoas. Brinquei muito mais, organizei algumas coisas cá em casa, fiz bolos para oferecer só porque sim,  festejei o Halloween e permiti-me descansar e desfrutar deste bebé. 

Novembro chegou e, ao contrário da maior parte das grávidas de final de tempo que eu conheço eu estava a gostar tanto que só queria continuar grávida. Quando, há precisamente 2 semanas percebi que o rolhão mucoso tinha saído (o que é sinal que haverá um trabalho de parto muito provável nos próximos dias) fiquei genuinamente triste. Ainda queria este bebé só para mim mais um bocadinho, ainda não tinha desfrutado tudo o que queria desta barriga. "Como assim já"? 

Aproveitei estas duas semanas, organizei tudo o que ainda queria organizar. Tirei fotografias, preparei um calendário do advento para fazer com o Duarte, cortei o cabelo pequenino, fiz pão, organizei as últimas coisas para o bebé, adiantei algumas compras de Natal e decoramos a casa de vermelho e luz. Falta-me muito pouca coisa do que achava ser importante na lista de coisas que queria fazer antes do bebé nascer. 

Estou oficialmente à espera que ele nasça. Já sem medos mas sem pressas. Acho que já não tenho dúvidas. "Podes vir quando quiseres, já fui onde tinha de ir". Sinto que já não falta muito, mas posso esperar os dias que forem necessários desta exclusividade nossa tão boa. 

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Bipolaridade

Bipolaridade
Cheguei às 24 semanas de gravidez e há um misto de sensações gigante. A segunda gravidez é sem sombra de dúvidas mais cansativa que a primeira, sei que preciso parar de trabalhar entretanto para me preparar para o turbilhão que aí virá mas não sei bem como me sinto com esta perspectiva de parar nas próximas semanas. Não tenho a menor dúvida que a minha família é mais importante que o meu trabalho, mas também sei o quanto gosto da minha rotina. Sei perfeitamente o caos que se torna nos primeiros meses de vida do bebé e percebo que com outra criança em casa, manter a sanidade ainda deve ser mais caótico. 

Sei que preciso de descansar o corpo e não me faltam ideias sobre o que fazer no tempo de espera do bebé. Quero descansar, fazer caminhadas pequenas, arranjar espaço para as coisas do bebé, preparar o espaço dele. Quero ter tempo para dar atenção ao Duarte nas últimas semanas de filho único, fazer pão, arranjar as plantas e os armários. Quero voltar a ser uma pessoa com paciência para ouvir parvoíces de outras pessoas. Mas... também quero acompanhar os projectos em que me tanto me envolvi nos últimos meses, (tentar) garantir que corre tudo bem e que pouca coisa falhará. Passo os meus dias entre as sensações de "estou a morrer, preciso mesmo parar" e o "não, não vou parar, na verdade nem quero parar de todo".  Estou com um humor bipolar e oscilo entre ideias durante vários momentos do dia.
Entretanto "passamos" a barreira das 24 semanas, a marca da "viabilidade". A contagem parece cada vez mais perto do "fim" e o nervoso miudinho bom aumenta (ou o pânico, conforme a hora, lá está...). Há um bebé a caminho e isso é bom, assustador e cansativo.

quinta-feira, 27 de junho de 2019

Coisa de uma segunda gravidez

Às vezes arrependo-me de não ter escrito mais textos durante a gravidez do Duarte. Aliás, arrependo-me de não escrever no geral, mas isso são outros trinta. 

A minha memória diz-me que na gravidez do Duarte me senti sempre muito bem. Não me arrastava, não me custava subir escadas e facilmente saltava com 38 semanas de gravidez. Mas já passaram 4 anos desde "esse tempo" e já nem sei se seria mesmo SEMPRE assim. Lembro-me de ter azia, dormir meia sentada e isso não me parecia ser um problema. Lembro-me de ter dores na perna esquerda porque o rapaz insistia em fazer pressão num nervo qualquer estranho. Lembro-me que mesmo assim me senti bem mas também me lembro de descansar sempre que precisava. 

Agora... agora é tudo um bocadinho diferente. Todos os dias chegamos a casa e há uma rotina a cumprir. É preciso brincar, tomar banho, dar jantar, contar histórias e fazer companhia até adormecer. Depois há quase sempre um intruso pequenino na nossa cama a meio de noite. Não me deito cedo, não alapo no sofá, não tomo banhos grandes e relaxados. Os segundos filhos são forçosamente diferentes dos primeiros, por todas as razões e por esta também. É impossível uma gravidez igual. 

Desta vez quero escrever mais. Às 17 semanas eu sinto-me enorme, cansada e pouco ágil. Não me consigo levantar facilmente se estiver deitada de barriga para cima e sem apoios. Decidi voltar ao ginásio (mesmo que em modo slow), o que tem ajudado. Percebi que por agora não vou preparar grande coisa, ainda há muito tempo. Tenho a certeza que tudo se faz e organiza, e se vejo muitas desvantagens na minha forma física nesta segunda gravidez, sinto-me muito mais calma no que está para vir. 

O melhor de tudo: o Duarte tem sido um "irmão mais velho" muito querido. Fala algumas vezes no bebé, e relembra sempre que ele existe. Não podemos dizer "nós os 3" que ele corrige para "nós os 4". Na verdade, acho que ele ainda não tem noção do turbilhão que aí vem, mas por agora ele tem sido uma surpresa muito boa. 

quarta-feira, 10 de abril de 2019

2019

Este blog teve um único post em 2018. Não sei bem o que aconteceu para  ter desistido deste espaço e desta organização de ideias que as palavras me trazem. Em 2018 o meu trabalho ficou mais interessante, o Duarte entrou na escola, a minha avó morreu. Em 2018 corri 10km, estive em dois dos meus casamentos preferidos de sempre, fiz uma roadtrip muito fixe na Irlanda, dei um salto à Holanda e passei 15 dias longe dos meus rapazes (quase) do outro lado do mundo, nas Filipinas. Em 2018 aproximei-me mais dos meus primos, vi coisas novas e tirei os habituais milhares de fotografias.O Duarte começou a falar e com isso encostou definitivamente para canto as minhas preocupações com o desenvolvimento e os timmings do rapaz. Em 2018 trabalhei muito, li pouco e tentei afastar o telemóvel um bocadinho.

2019. Estamos em Abril, um dos meus meses preferidos. Sempre que olho para as fotografias que tiro percebo que Janeiro e Fevereiro são meses moderadamente deprimentes. Quase sem fotografias, sem passeios, sem dias diferentes. É inconsciente, não sei se a ressaca do Natal, se as doenças dos meses frios ou outra qualquer razão que nos faz tele-transportar para Março. Este ano o Carnaval (do qual eu nem sequer gosto) ficou muito mais interessante. Em Março já aproveitamos os dias mais bonitos e este Abril de Inverno promete ser um mês incrível. 

Em Abril, há uma viagem a 2 para o lado de lá do Atlântico, há mini-férias a 3 para matar as saudades, e há um monte de ideias para pôr em prática. Nos últimos meses temos investido mais na nossa casa, e gosto cada vez mais do nosso pequeno caixotezinho (mas também sonho cada vez mais com uma casa com espaço exterior). Este mês há uma cama para pintar, espelhos para pendurar e uma varanda para arranjar. Semeei com o Duarte algumas sementes e vê-las crescer foi uma sensação incrível (se bem que a maior parte teve depois que ser mudada para um pedaço de terra decente porque não sobrevive nos nossos pequenos vasos!). Mesmo assim, tenho a varanda mais gira do prédio. Experimentei fazer levedura e depois pão, com essa levedura e farinhas moídas em mó de pedra e posso garantir que o sabor deste pão é mil vezes melhor que qualquer pão de compra. Tenho tentado simplificar e comprar menos "tralha" mas continuo a perder-me no aliexpress de vez em quando e não tenho remorsos :). Ando com uma vontade de aprender qualquer coisa nova mas tenho o tempo livre planeado até ao limite. Se calhar... devia só parar para não pensar em nada.

Estamos em Abril, o Inverno acabou e eu aposto que 2019 vai ser um ano muito bom. 
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