segunda-feira, 22 de maio de 2017

Escrever para não esquecer


No Sábado tivemos um casamento. A viagem até à bonita igreja durava mais de uma hora e, com a excepção dos noivos, conheciamos oito convidados. Decidimos não levar o Duarte. Do alto dos seus 19 decididos meses que querem muita liberdade e pouco protocolo, achamos que ficava melhor entregue aos avós. Pediram-nos que ficasse lá a dormir com a promessa de que se ele não estivesse bem nos ligavam. Fomos até ao Gerês e podemos ser adultos sem filhos. Claro que falamos nele, claro que pensamos nele, mas foi muito, muito, muito bom conversar sem correr, sem intercalar com o pai, sem avaliar perigos. Ele ficou bem, com toda a atenção do mundo, com toda a liberdade. No Domingo percebemos que depois de se ter molhado andou nu no pátio, tão feliz. Os avós, pareciam crianças no dia de Natal. 

Eu tive mais uma série de certezas absultas deitadas por terra. Antigamente achava que os casamentos eram festas de família, para irmos todos. Não acho que sejam sempre. Achava que iria ser sempre fácil deixar o Duarte em casa dos avós quando precisasse, até porque eu adorava ficar em casa dos meus avós. Não é. Não sendo esta sequer a primeira vez, é difícil. É bom, mas é difícil. Mas se é verdade que eu acredito que é preciso uma aldeia para cuidar de uma criança, tenho que saber dar a criança à aldeia.

Chegamos tarde, podemos dormir até ao meio dia. Não faço ideia de quando foi a última vez que isto tinha acontecido. No final do dia, fomos os três até à praia. Pela primeira vez, o Duarte caminhou na areia. Estava um dia incrivel, sem vento e sem gente. Houve até tempo para passar no parque, foi mesmo bom.

Preciso de escrever para não me esquecer. O bom que é ter tanta gente em quem confiar o Duarte. A felicidade deles. A sensação nova de caminhar na areia. A "aldeia".

 

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