quinta-feira, 31 de julho de 2014

A Viagem está aí!

Se Óbidos é um dos expoentes das reconstituições de época, Santa Maria da Feira tornou-se a «capital» deste fenómeno agora tão na moda.

Quando o calor aperta nas ruas de Santa Maria da Feira, as mulheres vão buscar os vestidos compridos e os homens as armaduras. É tempo de desembainhar as espadas. Não é uma declaração de guerra ao Verão, mas a Castela. Tudo se passa ao longo do maior evento regional do mês de Agosto. Este ano, durante 11 dias consecutivos - de 31 de Julho a 10 de Agosto -, voltam os corpetes, a malha de ferro e as sandálias de couro que palmilham cada canto da zona histórica, onde há sempre qualquer coisa a acontecer. O castelo da Feira é um dos pontos nevrálgicos da trama, mas a área de acção estende-se por 40 hectares. E não são só os números que impressionam: o realismo da viagem histórica consegue reavivar o século XIII, em pleno reinado de D. Sancho II.

Aos treze anos, D. Sancho II torna-se rei de um reino desgovernado. São necessários acordos, findar conflitos. Nada se resolve de forma simples, as pressões surgem de toda a parte, conflitos de interesses, guerras diplomáticas. O casamento do rei é contestado, o reino é uma anarquia, o irmão Afonso e o papa não são aliados. Rei deposto, sem governo, atraiçoado, D. Sancho parte para Toledo onde morre nos inícios de 1248. 

Tudo o resto é História. Uma História que pode ver-se contada pelas ruas da cidade. Para fazer parte dela basta vestir o trajo a rigor (que pode ser comprado durante o evento) e dançar nos arraiais das ordens militares. O leitor poderá também sentir as dificuldades dos guerreiros e participar na subida ao castelo ou nos treinos dos escudeiros. Mas na «tomada d'Elvas» só participam os que superam o casting, uma espécie de testes à destreza e ao talento para representar dos guerreiros em part-time. Os ensaios para o grande momento começam quase um mês antes da viagem medieval.

Como nem só de esforço vive a feira, os banquetes também fazem parte da Idade Média. Da ementa constam as carnes de caça e, até, pratos árabes, no Restaurante da Mouraria.

No Lago dos Feitiços todos são livres de pedirem um desejo, e a avaliar pelos mais de 50 mil visitantes diários), há um pedido recorrente: voltar à feira para o ano que vem.

adaptado de "Um país a viajar no tempo", Revista Visão nº855

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